sábado, 1 de março de 2014

A PRÁTICA DA CURA ESPIRITUAL NA CIÊNCIA CRISTÃ.

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De 5 a 8 de dezembro de 1995, realizou-se em Boston, nos Estados Unidos, um importante simpósio sobre o tema: " Espiritualidade e Cura na Medicina". Foi dirigido pelo Dr. Herbert Benson, sob o patrocínio da Faculdade de Medicina de Harvard e o Instituto Médico Mente/Corpo do Hospital Deaconess. (O evento foi financiado em parte pela Fundação John Templeton).

 

O ponto central do simpósio foi um profundo diálogo sobre a prática da cura espiritual realizada pelos seguidores de várias religiões importantes. O evento recebeu a cobertura de diversos órgãos da imprensa, inclusive a Rede de Televisão ABC, a revista Harper's e o The Christian Science Monitor, além de outros jornais. (Ver relato mais detalhado na edição do Monitor de 6 de dezembro de 1995, e no Christian Science Sentinel de 15 de janeiro de 1996.)

 

Harvard's seal sits atop a gate to the athletic fields at Harvard University in Cambridge, Massachusetts in this September 21, 2009 file photo. Harvard University is investigating allegations that approximately 125 undergraduate students cheated on a spring take-home final exam, school officials said on Thursday, disclosing what would be the largest cheating scandal in its recent history.  REUTERS/Brian Snyder/Files    (UNITED STATES - Tags: EDUCATION)

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A prática da cura espiritual na Ciência Cristã

 

colaboração de Virginia S. Harris e  Herbert Benson

 

 

Até poucos anos atrás, a maior parte das publicações sobre medicina e psicologia absolutamente não levava em consideração a religião e a espiritualidade como fatores importantes para a saúde. Alguns ensaios até argumentavam que a religião e a devoção a Deus podiam ser prejudiciais ao bem-estar mental, emocional e físico. Atualmente, entretanto, um número cada vez maior de respeitados profissionais da saúde e outros pensadores espirituais estão desafiando esse velho estigma e vêm pesquisando seriamente os efeitos curativos da oração, da espiritualidade e da religião.

De 5 a 8 de dezembro de 1995, realizou-se em Boston, nos Estados Unidos, um importante simpósio sobre o tema: " Espiritualidade e Cura na Medicina". Foi dirigido pelo Dr. Herbert Benson, sob o patrocínio da Faculdade de Medicina de Harvard e o Instituto Médico Mente/Corpo do Hospital Deaconess. (O evento foi financiado em parte pela Fundação John Templeton). O ponto central do simpósio foi um profundo diálogo sobre a prática da cura espiritual realizada pelos seguidores de várias religiões importantes.

O evento recebeu a cobertura de diversos órgãos da imprensa, inclusive a Rede de Televisão ABC, a revista Harper's e o The Christian Science Monitor, além de outros jornais. (Ver relato mais detalhado na edição do Monitor de 6 de dezembro de 1995, e no Christian Science Sentinelde 15 de janeiro de 1996.)

Em conseqüência do diálogo contínuo, de muitos anos, entre a Igreja da Ciência Cristã e o Dr. Benson, que vem pesquisando a cura em diversas religiões, foi aceito o convite para participar deste simpósio. Damos a seguir o texto da palestra proferida na ocasião, porVirginia S. Harris, C.S.B., presidente do Conselho de Diretores da Ciência Cristã. Também reproduzimos a introdução e as considerações finais do Dr. Benson.

 

TRECHOS DA INTRODUÇÃO DO DR. BENSON

Ao apresentar a Sra. Harris, o Dr. Benson contou que, com os anos, havia sido levado, por suas pesquisas sobre o valor terapêutico da meditação, em conjunto com o tratamento médico, a perguntar-se se a oração, como único recurso, poderia resultar em cura. "Vi que tínhamos um modelo a que poderíamos recorrer" disse ele, "ou seja, a Igreja da Ciência Cristã.. .. Isso aconteceu em fins da década de 70.. . .

"Paulatina e inexoravelmente, chegamos à conclusão de que há um terreno comum onde podemos trocar idéias, aprender uns com os outros. E foi necessária muita coragem, por parte da Igreja, para tomar essa posição, diante da animosidade que o assunto suscitou durante quase cem anos. E agora tenho a satisfação de dizer que estamos trabalhando juntos em prol de um entendimento de como o tratamento espiritual pode levar à cura."

 

PALESTRA DE VIRGINIA HARRIS

Boa tarde. É uma alegria e privilégio reunir-me com tantos sanadores e trocar idéias! Eu estava pensando, hoje de manhã, sobre como é forte o elo que nos une. Dei-me conta de que cada um de nós acorda todos os dias com o desejo de curar, consolar, aliviar o sofrimento, no maior número possível de casos e de circunstâncias.

Deus, Alá, Eloím, a Mente deífica. .. está sem dúvida abençoando este simpósio e todos os corações e mentes aqui reunidos. Todos viemos com a pergunta: Será que existe algum aspecto importante em nossa prática curativa, que talvez ainda nos falte conhecer? Será que existe um universo maior de saúde e sanidade, que precisamos compreender? E, em nossa busca de compreensão, poderemos apoiar-nos melhor mutuamente, para o bem da humanidade?

Creio que a humanidade chegou a um ponto, na pesquisa da relação entre mente e corpo, em que está ocorrendo uma transformação fundamental. As pessoas estão ansiando por um princípio curativo mais perfeito.

Não será acaso esta a aurora de uma mudança em nossa opinião sobre a relação mente/corpo, mudança essa tão significativa como a que ocorreu quando Copérnico lançou nova luz sobre nós e sobre o universo?

A cura espiritual é de importância vital para mim, pois lhe devo minha própria vida, literalmente. Espero poder compartilhar com vocês alguns vislumbres sobre o que estou aprendendo e vivendo no campo da espiritualidade e da cura, a partir de quatro pontos de vista distintos, a saber:

• como paciente, que desde a infância usufruiu dos benefícios da cura espiritual;

• como praticista e professora de Ciência Cristã, que pratica a cura e ensina os outros a curar;

• como membro do Conselho de Diretores da Ciência Cristã, com a perspectiva mundial de milhares de indivíduos que curam e são curados por meios espirituais;

• e como mãe, tendo criado três filhos saudáveis, utilizando apenas a forma de tratamento que hoje exporei. ____________________________

 

Gostaria de relatar o acontecimento que me tocou profundamente e solidificou minha confiança em Deus. Na verdade, foi o que me impeliu a abraçar a prática da cura como profissão.

Há dezenove anos fui vítima de um grave acidente automobilístico, numa via expressa de Detroit. Fui levada ao pronto-socorro de um hospital daquela cidade. Os médicos disseram a meu marido que não acreditavam que eu sobrevivesse. Queriam fazer uma cirurgia de emergência.

Nos breves intervalos em que estava consciente, eu ouvia os médicos e meu marido falando dos riscos da cirurgia. Eu não queria morrer. Naquele momento, dei-me conta de que meu marido e eu devíamos tomar uma decisão de suma importância quanto à forma de tratamento para mim: oração ou circurgia.

Pode parecer estranho, para a maioria de vocês, que uma pessoa que está sendo atendida num pronto-socorro nem sequer pense em algo que não seja a tecnologia e a técnica à sua disposição nesse lugar. Para mim, porém, havia uma decisão a ser tomada.

Eu queria viver. Tinha três filhos e queria vê-los crescer, terminar os estudos, formar uma família. Por isso escolhi o tratamento pela Ciência Cristã, pela oração. Vejam bem, eu havia, com êxito, me apoiado com confiança nas leis divinas da cura, durante toda a minha vida. Por isso, apoiar-me inteiramente em Deus, nesse momento, foi algo natural para mim. Não foi fé cega, mas sim a convicção que procede da experiência.

Meu marido telefonou a uma praticista da Ciência Cristã, pedindo tratamento, assinou os documentos que isentavam o hospital de toda responsabilidade, e eu fui levada para casa. Minha mãe e meu marido cuidaram de mim. Vizinhos e amigos ajudaram a cuidar das crianças.

Embora sentisse fortes dores durante os primeiros três dias, posso dizer com honestidade que foram dias de calma, repletos de oração por todos nós, preenchidos pela consciência do amor de Deus por mim. Eu sabia que eu era importante para Deus, não era insignificante nem estava longe dEle. Sentia-me em união com a bondade e o poder de Deus.

No segundo dia, porém, houve uma crise durante a qual pensei estar morrendo. O impulso mental para desistir da vida foi muito forte. Naquele momento, senti o amor e a presença de Deus de forma tangível, como que me segurando. Essa foi a força maior, a atração mais forte e, de fato, o único poder que havia. Compreendi que era a minha Vida!

O impulso de desistir, de morrer, diminuiu e depois cessou. Esse foi o ponto decisivo. Estava em terreno seguro e comecei a progredir rapidamente. Em duas semanas, eu estava curada, de pé, cuidando da família, levando as crianças para a escola.

Com essa cura, meu caminho estava traçado. Logo comecei a dedicar-me à prática pública da cura pela Ciência Cristã. ______________________________

 

A prática da cura pela Ciência Cristã começou cerca de 125 anos atrás, exatamente aqui, na região de Boston. Durante anos, Mary Baker Eddy procurou uma solução para sua saúde precária e enveredou por um caminho que não é estranho aos que hoje pesquisam a relação mente/corpo. Tentou a homeopatia, estudou a sugestão mental. Embora essas teorias a tivessem aproximado da medicina puramente mental, ela acabou deixando-as de lado, porque não incluíam a Deus.

Deus sempre fora parte essencial da vida da Sra. Eddy. A Bíblia era sua companheira constante, registro vital e lembrança clara da presença curativa e salvadora de Deus. Os relatos bíblicos de cura eram vivos e reais para ela: o menino epilético, a garota que estava à morte, a mulher que sofria de hemorragia havia doze anos, o oficial leproso e muitos, muitos outros.

No inverno de 1866, a vida da Sra. Eddy mudou completamente. Ela se machucou gravemente numa queda no gelo, na cidade de Lynn, Massachusetts. O médico que a atendeu achou que não havia esperança de recuperação. Ela pediu a Bíblia e leu relatos das curas efetuadas por Jesus. Seguiu-se um momento de profunda compreensão. Foi curada no mesmo instante.

Esse acontecimento mudou sua maneira de ver o mundo. Poderíamos dizer que foi para ela como passar da teoria de Ptolomeu para a de Copérnico. Acabou dando um direcionamento específico para suas pesquisas. Buscando uma explicação do Princípio da cura, ela aprofundou-se ainda mais no estudo da Bíblia. Testava o que aprendia, curando outras pessoas.

Um dia, por exemplo, recebeu um telegrama onde lhe pediam que fosse orar para uma mulher que estava morrendo de pneumonia. A paciente agonizava, respirando com muita dificuldade. A Sra. Eddy orou à sua cabeceira e a mulher foi curada. O médico que tratava do caso, o Dr. Davis, da cidade de Manchester, New Hampshire, que testemunhou o fato, instou com a Sra. Eddy que escrevesse um livro para explicar seu método de cura. 1

Seis anos mais tarde, em 1875, sua descoberta e sua explicação das regras da cura pela Ciência Cristã foram dadas a conhecer no livro ao qual deu o interessante título: Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras. Sua intenção era a de compartilhar liberalmente sua descoberta. Fundou mais tarde a Faculdade de Metafísica de Massachusetts, com alvará do estado para funcionar com finalidade médica. Também seguiu-se a organização de uma igreja com a missão de publicar a literatura da Ciência Cristã. Sua obra culminou com a fundação do jornal diário The Christian Science Monitor, tendo ela então oitenta e oito anos de idade.

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O último capítulo do livro Ciência e Saúde, com cem páginas, é uma compilação de relatos escritos por pessoas que foram curadas apenas pela leitura do livro. Desde 1880, curas do mesmo tipo vêm sendo registradas continuamente no The Christian Science Journal e, desde 1898, também no semanário Christian Science Sentinel. O número deste mês do Journal, por exemplo, relata curas da Austrália ao Brasil, desde ossos quebrados até cegueira e insônia.

Essas não são ocorrências fenomenais ou milagrosas. A Ciência Cristã as considera como ternos efeitos do Princípio da cura, que atua na vida de pessoas comuns, todos os dias, com naturalidade.

Há pouco tempo, um amigo me contou que acordou certa manhã com muita dor de cabeça e náusea. Nesse dia ele precisava dirigir um seminário sobre tributação societária. Mal e mal conseguiu levar avante as atividades da manhã.

Ao meio dia a dor era intensa e ele conseguiu encontrar um cantinho tranqüilo para orar. Usou umas poucas frases que lembrava, de Ciência e Saúde. Eram trechos daquilo que chamamos "a exposição científica do ser". Essa é uma declaração fundamental para a prática da Ciência Cristã. Começa assim: "Não há vida, verdade, inteligência, nem substância na matéria. Tudo é Mente infinita e sua manifestação infinita, porque Deus é Tudo-em-tudo." 2

Ele pensou cuidadosamente sobre cada palavra, enquanto as dizia, ansiando pelo poder curativo por trás das idéias. Se essa afirmação da totalidade de Deus era verdadeira, ele sabia que a dor e o mal-estar que o afligiam não tinham o poder de permanecer. A dor cessou. Ele sentiu-se bem e voltou a dirigir o seminário. Ao todo, a oração e a cura levaram uns trinta minutos.

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A cura que Mary Baker Eddy teve levou-a a descobrir uma maneira totalmente nova de ver qual é a relação existente entre Deus, a mente humana e o corpo.

Anteriormente, ela havia aceitado a idéia convencional de que a mente humana é produto do mundo físico. Descobriu, porém, que o mundo material é o produto da mente humana. Em vez de aceitar o pensamento como um fenômeno da matéria, ela se deu conta de que a matéria é um fenômeno do pensamento.

Antes de sua descoberta, o estado mental de um paciente que, por exemplo, estivesse sentindo dores, era apenas um dos fatores atuando no caso. Depois da descoberta, ela viu que o pensamento é o paciente.

Repetindo: Antes de sua descoberta, o estado mental de um paciente que, por exemplo, estivesse sentindo dores, era apenas um dos fatores atuando no caso. Depois da descoberta, ela viu que o pensamento é o paciente.

O pensamento é, portanto, o lugar onde a mudança deve ocorrer, para que haja cura. Essa mudança se fundamenta no fato de que só existe um Deus, que é a Mente divina, e desse mesmo fato procede a mudança. Mente é uma palavra que freqüentemente usamos como sinônimo de Deus. O livro de Daniel, nas Escrituras, inclui estas palavras, que indicam que Deus é a fonte da inteligência: "Seja bendito o nome de Deus, de eternidade a eternidade, porque dele é a sabedoria e o poder." 3 O uso que fazemos da palavra Mente, dessa forma, não se refere à mente humana, mas à Mente divina, real.

 
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Vou exemplificar como esse método de tratamento curou um problema em que havia uma causa orgânica diagnosticada por médicos.

Quando aceitei o pedido de tratá-la, Linda tinha catorze anos. Ela sofria daquilo que os médicos haviam diagnosticado como malformação artério-venosa. Desde criança, ela sofrera de agudas dores de cabeça e faltava muito às aulas na escola. Recebera cuidados médicos excelentes, mas o prognóstico não dava muitas esperanças. A cada três meses era submetida a cuidadoso monitoramento de seu estado. Um médico disse que ela seria atormentada por essas dores por toda a vida e nunca poderia ter filhos.

Outro médico consultado pela família ofereceu a possibilidade de uma cirurgia experimental, com 50% de chances de sobrevivência. Seguir-se-ia uma segunda operação uma semana depois, sem garantia alguma de uma solução permanente para as dores.

A mãe de Linda trabalhava no prédio onde eu tinha meu escritório. Um dia ela reparou nas iniciais C.S. depois de meu nome e perguntou o que significavam. Expliquei que eu era praticista da Ciência Cristã e ela lembrou que ouvira falar da Ciência Cristã, na faculdade. Indagou se Linda poderia ser curada e eu lhe disse que teria prazer em falar com a menina.

Linda começou a vir semanalmente ao meu escritório, para conversar comigo. Ela tivera pouquíssima educação religiosa, por isso começamos pelo básico, ou seja, a Bíblia.

Juntas lemos na Bíblia os relatos que evidenciam a bondade e o poder de Deus, especialmente as curas e os atos de Jesus. Raciocinamos que, como Deus a amava, Ele era uma presença amorosa na vida dela. Também examinamos em profundidade quem ela era realmente, como filha de Deus, e o que significa, especificamente e na prática, ser a imagem e semelhança de Deus, como diz a Bíblia. Ela começou a compreender que podia confiar no poder que Deus tinha para curá-la.

Depois de algumas semanas, Linda já não estava tomando remédios para as dores. Ela e os pais decidiram não fazer as cirurgias e confiar exclusivamente no tratamento pela Ciência Cristã. Foi aí que eu comecei a tratá-la pela oração.

Como sanadora, meu papel é o de ajudar o paciente a aceitar no pensamento a presença da lei curativa da Mente divina e ceder a seu poder. O praticista ora humilde e persistentemente para compreender a capacidade infinita de Deus para sustentar Sua criação. Esse raciocínio espiritual alcança e modifica o pensamento do paciente, da doença para a saúde, restaurando dessa forma o corpo.

Esse tratamento metafísico, ou seja, a aplicação da espiritualidade à cura, faz com que o pensamento, ou seja, as crenças que estão governando o modo de pensar do paciente, cedam lugar a pensamentos mais santos, mais espirituais. É esse o efeito da oração guiada pela Mente divina. Realmente sente-se o Divino abarcando o humano, é uma conexão ativa, uma unificação com Deus.

Meu primeiro contato com Linda ocorreu em outubro. Pelo fim de novembro ela estava totalmente curada. Ela não tomou medicamentos, não se submeteu às operações e não teve mais dores de cabeça. Hoje, dezesseis anos depois, ela está casada e tem dois filhos.

Recentemente, perguntei-lhe se houve algum momento,durante o tratamento, em que ela se lembre de haver sentido uma mudança ocorrendo. Ela respondeu que foi quando compreendeu que estava a salvo, que não havia nada para temer. Disse que não teve nenhuma ansiedade no decorrer do tratamento. Estava confiante, e estas são exatamente suas palavras: "adquiri controle sobre meu corpo".

A propósito, quando ela voltou para o colégio, já curada, os amigos quiseram saber como, por que, o que fizera. Suas respostas e a cura em si impressionaram pelo menos dois amigos, que começaram a ler Ciência e Saúde. Um deles foi curado do vício das drogas pelo estudo e tratamento da Ciência Cristã.

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Todos nós aqui reunidos, que lidamos diretamente com pacientes, sabemos muito bem quais são os efeitos negativos que o medo tem sobre a saúde e a recuperação da pessoa. EmCiência e Saúde, a Sra. Eddy instrui os sanadores: "Começa sempre teu tratamento acalmando o medo dos pacientes." Nessa mesma linha de pensamento, ela explica: "A causa promotora e base de toda doença é o medo, a ignorância ou o pecado. A moléstia é sempre provocada por um falso conceito mentalmente cultivado, não destruído. A moléstia é uma imagem exteriorizada do pensamento.. .. Tudo o que se abriga na mente mortal como condição física, projeta-se no corpo."  4

Na prática da Ciência Cristã, o medo é vencido pelo aumento da espiritualidade, da compreensão do poder do amor de Deus. O poder e a presença de Deus, aceitos no pensamento, não deixam espaço, na consciência humana, para o medo, a dor, ou a doença. Na Bíblia, o Apóstolo João prometeu: "Deus é amor, e aquele que permanece no amor permanece em Deus, e Deus, nele.. .. No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo. Ora, o medo produz tormento." 5

 

O que dizer de casos em que o problema é comportamental e a dor ou a angústia são claramente mentais? Como, por exemplo, o comportamento compulsivo ou autodestrutivo. Eu tratei um caso desses, não faz muito tempo, o caso de Paula.

Há dois anos, Paula se formou na faculdade. Tinha um metro e setenta e dois de altura e pesava pouco mais de quarenta e cinco quilos. Nada de estranhar, suponho, considerando que pretendia seguir a carreira de modelo em Nova Iorque.

Depois da formatura, viajou pela Europa por diversos meses e voltou para casa pesando ainda menos. Bebia uma quantidade excessiva de água. Os pais ficaram preocupados. Primeiro consultaram uma nutricionista, em busca de conselhos sobre alimentação. O consumo de água continuou a aumentar, e o de alimentos, a diminuir. Em pouco tempo, o peso da moça caiu para trinta e seis quilos.

Os pais decidiram interná-la numa clínica especializada em problemas de alimentação. Esperavam que a equipe clínica pudesse ajudar a filha em seus hábitos alimentares. Nos exames feitos na hora da internação, os médicos ficaram surpresos e contentes ao constatar que o cérebro da jovem não havia sido afetado. Mais ou menos a essa altura, Paula e seus pais pediram-me para orar por ela. A equipe clínica reconhecia a eficácia do tratamento pela Ciência Cristã e concordou em continuar com esse método, em vez de recorrer à medicação.

Os pais da moça a visitavam sempre que possível e o pessoal da clínica telefonava para eles quando as coisas não iam bem. O médico, que era muito receptivo à cura espiritual, avisava os pais sobre os aspectos que precisavam ser tratados pela oração.

Ali estava uma jovem que precisava desesperadamente de ajuda. Havia períodos em que tinha necessidade constante de apoio pela oração. Nesses períodos cruciais, ela me telefonava de hora em hora e eu orava constantemente por ela.

Ao tratar um estado mental desse tipo, acho essencial compreender que o paciente não é uma vítima fraca e vulnerável. Não existe poder oposto a Deus. A energia espiritual, ou seja, a atividade regeneradora de Deus, controla as ações humanas e pode corrigir um comportamento compulsivo.

Ao mesmo tempo, surge às vezes a necessidade de ajudar os pacientes a tomarem consciência de onde seu próprio pensamento os está levando. Lembro-me de um dia muito difícil, em que pedi a Paula para ver-se como quem está numa escada em espiral. Podia subir um degrau ou deixar-se puxar para baixo. As promessas inconsistentes, que tentam o pensamento a proceder compulsivamente, puxam o indivíduo para baixo. A convicção e a certeza do valor dado por Deus a cada pessoa espiritualizam o pensamento, capacitando-o a ceder ao poder de Deus, quebrando, dessa forma, o jugo do vício. Quando ela captou essa idéia simples, a mudança foi marcante. Ela dobrou a esquina, por assim dizer.

Seu peso aumentou para cinqüenta quilos e ela foi para casa. Certo dia, pouco tempo depois, ela acordou e disse: "Tenho de comer." Sentiu-se livre do desejo constante de beber água e logo recuperou o apetite normal. Ela pesa agora quase sessenta e seis quilos (mais semelhante à maioria das pessoas) e sabe que nunca mais será arrastada para um comportamento autodestrutivo.

O médico disse aos pais de Paula que o problema havia sido tão grave quanto uma toxicomania e que essa forma de desnutrição poderia ter sido fatal.

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Através dos tempos, mulheres e homens espiritualizados oraram e curaram a si mesmos e a outros, física, moral e emocionalmente. Existe um claro encadeamento de cura na religião e na Bíblia. O método de cura que praticamos na Ciência Cristã provém dessa herança, herança que inclui vidas modificadas e físicos curados. Em todos os casos que mencionei, a cura física foi de grande porte. Mas o efeito muito mais importante foi o de vidas transformadas, regeneradas e consolidadas na compaixão e na espiritualidade.

A revolução de Copérnico foi uma mudança fundamental de percepção. Os astrônomos nunca mais voltaram à visão anterior sobre o sistema solar. Da mesma forma, Mary Baker Eddy abriu uma nova fronteira, ao deixar a física em favor da metafísica, reconhecendo que a Divindade, Deus, a Mente divina, é o centro de Seu universo, e que o homem espiritual é Sua idéia mais elevada, o alvo de Seu cuidado. Ciência e Saúde explana completamente essa descoberta. (Nove milhões de exemplares vendidos, está traduzido em dezesseis idiomas e transcrito em Braille inglês.)

Muito embora uma descrição de meia hora do sistema de cura da Ciência Cristã seja forçosamente incompleta, eu gostaria de concluir, salientando os seguintes pontos principais:

• Primeiro, a Bíblia é um guia inspirado e confiável para a saúde física e mental.

• Segundo, a prática da cura pela Ciência Cristã se baseia num Deus único, amoroso e todo-poderoso, que está sempre presente.

• Terceiro, não somos vítimas fracas e vulneráveis; somos a imagem e semelhança de Deus, somos Seus amados filhos.

• Quarto, é no pensamento que deve ocorrer a mudança, para que haja cura. Essa mudança se fundamenta no fato de que há um único Deus, a Mente divina, e esse fato é o que propicia a mudança.

• E finalmente, a cura pela Ciência Cristã não é uma técnica sofisticada, não é milagrosa, não se baseia na fé cega nem na força de vontade. É antes um ato de graça e de confiança inocente naquilo que o Princípio divino, Deus, sabe a nosso respeito.

Em poucas palavras, esses cinco pontos resumem os elementos importantes da prática da cura pela Ciência Cristã.

Todos nós deixamos nosso trabalho diário para nos reunir durante estes três dias e examinar a espiritualidade e a cura. Em honra desses dias importantes e como encorajamento para os dias que virão, ofereço, à guisa de bênção, estas breves palavras de Ciência e Saúde: "Ao contemplar as tarefas infinitas da verdade, paramos — ficamos atentos a Deus. Depois investimos para a frente, até que o pensamento sem peias caminhe embevecido e se dêem asas à concepção ilimitada para que alcance a glória divina." 6

 

OBSERVAÇÕES DO DR. BENSON DEPOIS DA PALESTRA DA SRA. HARRIS

Após a palestra da Sra. Harris e um período de perguntas e respostas sobre a cura pela Ciência Cristã, o Dr. Benson disse: "Ao compreendermos melhor a relação entre espiritualidade, cura e medicina, acho que devemos nos perguntar: "Quais são os riscos e quais os benefícios da medicação atual? Quais são os efeitos colaterais? Quais são os efeitos de se usar. .. menos, ou nenhum remédio?". .. Acho que um dos resultados deste simpósio é levar-nos a examinar introspectivamente o risco de usarmos o tipo de cura de que falamos hoje, em comparação com os riscos e benefícios de se tomar os remédios que atualmente receitamos."

Ao concluir-se a sessão em que a Sra. Harris falou, muita gente logo se juntou à sua volta, representantes de muitas profissões e localizações geográficas. Nessa ocasião e em outros momentos, durante o simpósio, a Sra. Harris falou em particular com muitos dos quase mil participantes registrados no encontro. Esses pensadores pioneiros demonstraram grande interesse pela cura mediante a Ciência Cristã.

• Ficou evidente que a Ciência Cristã foi considerada um método confiável de cura. As pessoas perguntavam como poderiam entrar em contato com algum praticista da Ciência Cristã, buscando a cura para si ou familiares. Foi-lhes indicada a lista de praticistas, Salas de Leitura e igrejas filiais, publicada no The Christian Science Journal.

• Houve médicos que perguntaram sobre o tratamento pela Ciência Cristã e sua aplicabilidade à profissão deles. Um médico, por exemplo, que havia comprado um exemplar de Ciência e Saúde na área de vendas de livros, disse que ouvira falar da Ciência Cristã em sua família e queria saber o que precisava ler no livro, que o ajudasse a curar melhor. Esses médicos viram em Ciência e Saúde um livro de referência, para atender melhor seus pacientes.

• Houve participantes que pediram mais palestras sobre a Ciência Cristã para vários grupos do campo da saúde, grupos religiosos, faculdades e universidades.

Desse intercâmbio com médicos, enfermeiros, administradores hospitalares, psicoterapeutas, religiosos e outros que trabalham na área da saúde, surgiram diversos resultados, a saber:

• Interesse em encontrar mais pontos em comum onde a cura espiritual, especialmente como é praticada por estudantes da Ciência Cristã, possa ser útil aos que trabalham na medicina.

• Melhor compreensão sobre a Ciência Cristã e seu ministério de cura.

• O reconhecimento da importância da oração e da espiritualidade na cura, e de que esses fatores não devem ser escondidos, menosprezados nem forçados a se adaptarem a modelos materialistas.

Havia participantes de quarenta e sete estados dos Estados Unidos, bem como do Canadá, Japão, Malásia e diversos países da Europa e América Latina. Um espírito de pesquisa honesta e aberta se fez sentir em todas as apresentações e conversações informais. Nenhuma prática espiritual de cura e nenhuma idéia foi colocada em julgamento. Um comentário típico era: "Estamos buscando pontos em comum para o bem comum da humanidade."

Durante os três dias, estiveram à venda exemplares do The Christian Science Journal e do Christian Science Sentinel, bem como duas obras de Mary Baker Eddy, Ciência e Saúde e The People's Idea of God (A idéia que as pessoas fazem de Deus). Todos os dias, foram colocados à disposição dos participantes exemplares gratuitos do The Christian Science Monitor.

 

O Cientista Cristão genuíno ama protestantes e católicos, pastores e médicos, — ama a todos os que amam a Deus, o bem, e ama seus inimigos. Ver-se-á que, em vez de opor-se, tal pessoa serve os interesses tanto dos profissionais da medicina quanto da cristandade, e eles prosperam juntos, aprendendo que o poder da Mente é boa vontade para com os homens. Assim vem à tona o metal precioso do caráter, e o ferro da natureza humana enferruja e se desfaz; a honestidade e a justiça caracterizam aquele que busca e encontra a Ciência Cristā.  Mary Baker Eddy - The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, p. 4

 

1 Ver The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, p. 105.  2 Ciência e Saúde, p. 468.  3  Daniel 2:20.  4 Ciência e Saúde, p. 411. 5  1 João 4:16, 18.  6 Ciência e Saúde, p. 323.

 

Fonte: O Arauto da Ciência Cristã, agosto de 1996, The Christian Science Publishing Society, todos os direitos reservados.

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