domingo, 30 de outubro de 2011

Jesus vai ao McDonald's.


JESUS VAI AO McDONALD’S.

Resenha de Natalino das Neves[a]
[a] Bacharel em Teologia pela Faculdade Teológica Batista do Paraná
 e Mestrando em Teologia pela Pontificia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), 
Curitiba, PR - Brasil,
e-mail:natalino.neves@ig.com.br
ROSSI, Luiz Alexandre Solano. Jesus vai ao McDonald’s: teologia e sociedade de consumo. São Paulo: Fonte Editorial, 2008.



Luiz Alexandre Solano Rossi é doutor em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo (Umesp), mestre em Teologia pela Faculdade do Instituto Superior Evangélico de Estudos Teológicos (Isedet) em Buenos Aires, e pós-doutor em História Antiga pela Unicamp e em Teologia pelo Fuller Theological Seminary – Califórnia. Autor de vários livros, dentre eles “Crônicas Urbanas”, que recebeu o Prêmio Areté/2005 da Associação de Editores Cristãos. É membro da Academia de Letras de Maringá e Cidadão Benemérito de Maringá. Possui experiência docente em Bíblia Hebraica/Antigo Testamento, Sociologia e Filosofia.

A obra de Rossi aqui resenhada é resultado do pós-doutorado realizado no EUA, cuja apresentação é feita por Norman Gottwald, uma das maiores autoridades em teologia dos Estados Unidos. O tema é tratado em quatro capítulos, dos quais os dois primeiros ressaltam questões teológicas presentes no Livro de Jó. Para isso, faz uma contextualização do livro que discute a origem do sofrimento do pobre e demonstra que por trás do que ele chama de antiteologia está uma grande influência do poder dominante (Império Persa e líderes religiosos de Israel), que faz uso da teologia sapiencial da época para disseminar a Teologia da Retribuição com objetivo de manter o status quo.

Essa teologia formava as pessoas para não questionar, mas se submeter aos desígnios cuja responsabilidade era atribuída a Deus, como forma de dominação. Apresenta Jó como um personagem não literal, figura dos camponeses que eram explorados pelo Império Persa e pelos líderes religiosos de Israel. Utiliza os discursos de Jó e seus “amigos”, representantes da teologia sapiencial dominante, para demonstrar as contradições existentes e a forma “revolucionária” como Jó busca a sua emancipação, questionando a “antiteologia” disseminada até então e da qual ele também era vítima. Essa abordagem conduz ao questionamento da possibilidade de existência de uma religião gratuita, bem como evidencia a necessidade da emancipação das pessoas que são dominadas por uma sociedade de barganha, da famosa negociação do “toma lá, da cá”.

[...] Com essa abordagem, o autor faz um vínculo dessa teologia com a sociedade de consumo da atualidade. Trabalha com o conceito da teologia de consumo, cujos “consumidores” vão à compra em busca de experiências espirituais inovadoras, com resultados rápidos, com “quantidade” e menos esforço, prontas e acabadas, com isso sendo facilmente controlados. Faz uma analogia dessa com o sistema comercial do McDonald’s, que se baseia em quatro dimensões explicitadas pelo autor: eficiência, calculabilidade, previsibilidade e controle. Afirma que essas dimensões estão presentes nas práticas religiosas dos representantes da Teologia da Prosperidade como instrumentos na relação do poder, beneficiando seus líderes, que não se interessam pelos fiéis, mas pelo sistema de poder que os monopolizam.

Afirma que a forma como vemos a história influencia na teologia e nas práticas teológicas, podendo colocar Deus como representante do poder opressor e não como o aliado do pobre e sofredor. Argumenta que o sofrimento de Jesus na cruz é uma demonstração de que Deus não está afastado do sofrimento da humanidade e que é a partir dessa realidade que o ser humano poderá se libertar das estruturas de dominação, que também foram questionadas por Jesus no ministério terreno. Destaca que Deus faz a escolha pelo pobre e, principalmente, pela vida, tanto no Antigo como no Novo Testamento.

A mercantilização da sociedade tem moldado práticas religiosas e prestado serviço à desumanização. Rossi apresenta uma série de dados estatísticos que comprovam o progressivo distanciamento dos ricos e pobres, e desafia a participação da teologia na mudança dessa realidade por meio da valorização do ser e não do ter. A teologia que deveria conter o desejo desenfreado e atuar em defesa pela vida, em vez disso, no caso da Teologia da Prosperidade, alimenta esse desejo e privilegia a “morte” (desumanização). Conclui ressaltando que a teologia que Jesus pregava é a da solidariedade, da vida em comunidade, simples e sem excesso de consumo.

O autor trata de um assunto sério e preocupante, porém de forma acessível, pois não apresenta termos de difícil compreensão, o que torna a leitura fácil e agradável. Recomendo a leitura desse livro a todo cristão, principalmente para a liderança, pois as maiores conseqüências da aplicação dessa teologia ainda estão por vir, sendo necessária uma conscientização e atitude por parte dos cristãos sérios, que se preocupam com a propagação de um evangelho genuíno e em favor da vida. O discurso de Jesus continua a ecoar: “Eu vim para que tenham vida e vida em abundância”.

Rev. Pistis Prax., Teol. Pastor., Curitiba, v. 2, n. 1, p. 233-235, jan./jun. 2010

Nota: Esta resenha, (JESUS VAI AO MCDONALD.S) não representa o pensamento deste blog ou de qualquer igreja do  Movimento da Ciência Cristã. Parte dela foi publicada, com o objetivo de refletirmos sobre a importância do estudo da Bíblia em seu contexto histórico, para alcançarmos o significado espiritual das Escrituras.


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Leia de 1 Tim. 6:6, 17-19:

"...grande fonte de lucro é a piedade 
com o contentamento.

Exorta aos ricos do presente século que não sejam orgulhosos, nem depositem a sua esperança na instabilidade da riqueza, mas em Deus, que tudo nos proporciona ricamente para nosso aprazimento;

que pratiquem o bem, sejam ricos de boas obras, generosos em dar e prontos a repartir;

que acumulem para si mesmos tesouros, sólido fundamento para o futuro, a fim de se apoderarem da verdadeira vida."


"Ao discernir os direitos dos homem, 
não podemos deixar de prever o fim de toda opressão. 


A escravidão não é a condição legítima do homem. 


Deus fez livre o homem. 


Paulo disse: “Nasci livre”. 
Todos os homens deveriam ser livres. 
“Onde está o Espírito do Senhor aí há liberdade”.

Cidadãos do mundo, 
aceitai a “liberdade da glória dos filhos de Deus”,
e sede livres!
Esse é vosso direito divino.

Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras
Mary Baker Eddy